" Cerca de 12 milhões de euros foi o montante gasto em obras para tornar a estação hidroeléctrica de Castelo do Bode capaz de responder a um novo ciclo de pelo menos 50 anos, ou seja tantos quantos a central tem.
A intervenção, iniciada em 2000, incidiu inicialmente na recuperação dos equipamentos da barragem para que a reparação dos grupos geradores fosse feita em condições de segurança. Uma obra executada por reputados especialistas e que tentou reduzir ao mínimo os impactos ambientais.
Uma das maiores dificuldades consistiu na realização de trabalhos debaixo de água. Para o efeito, foi contratado um grupo de mergulhadores franceses que, numa cápsula com uma atmosfera de 9 bares, conseguiu trabalhar durante 8 horas consecutivas, na margem sul.
“Viveram 11 dias dentro dessa cápsula. Para transportar o material necessário foram precisos oito camiões TIR”, recorda Queda Abrunheira, director da central de Castelo do Bode.
Resolvidos os problemas na margem sul, passou-se para o interior da central que, apesar das obras de renovação, nunca deixou de funcionar. “Fomos reparando um grupo por ano, durante oito meses”, esclarece José Freitas, vice-director da direcção de produção.
Apesar do planeamento houve situações difíceis de resolver, uma das quais o transporte para Espanha das válvulas de admissão, onde foram reparadas. São “monstros” de cerca de 130 toneladas, embora sejam desmontáveis em três partes. “Tivemos vários problemas para transportar essas peças de grandes dimensões”, explica José Freitas.
Ao fim de quatro anos, a central está como nova o que, no entender de José Franco, director de produção da EDP, “demonstra que a empresa não se senta à sombra da bananeira e procura a excelência”: “Podemos garantir mais 50 anos nas condições ideais de funcionamento”.
Se a nível de equipamentos a estação hidroeléctrica de Castelo do Bode tem uma longa vida pela frente, também a estrutura em betão está nas melhores condições de segurança. “Sob o ponto de vista da segurança seguimos os maiores padrões de vigilância internacionais. Temos 14 mil pontos de observação e controle de segurança”, afirmou José Freitas.
A muralha de betão assenta em rocha e toda a estrutura é móvel com oscilações diminutas provocadas pelas contracções e dilatações dos materiais e pela enorme massa de água com 115 metros de altura que suporta. Todas essas ligeiras alterações são medidas nos 14 mil pontos de observação colocados próximos das junções das placas de betão, nas paredes das estreitas galerias que perfuram a barragem.
“Somos pioneiros sob o ponto de vista da segurança, temos os maiores grupos seguradores internacionais e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil que tem acesso aos dados pode confirmar. Acredito mais que a lua caia sobre a terra do que haja uma rotura nas nossas barragens”, afirma José Freitas, acrescentando que a ocorrência de uma cheia é fácil de controlar, a nível da barragem.
A central de Castelo do Bode, que produz diariamente a 390 GWh de energia eléctrica, integra o Centro de Produção Tejo-Mondego que engloba os aproveitamentos hidroeléctricos das bacias hidrográficas do Tejo e Mondego. O último empreendimento a entrar em serviço foi o do Caldeirão, no rio Caldeirão, em 1994.
Estavam já em funcionamento os aproveitamentos de Castelo do Bode, Cabril e Bouçã, no rio Zêzere, do Fratel no rio Tejo, da Aguieira e Raiva no rio Mondego e de Pracana no rio Ocreza, afluente do rio Tejo. "
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