Portugal Continental está a atravessar um período de seca como consequência da falta de precipitação no nosso território. Durante o mês de Janeiro do corrente ano, a precipitação no território Continental foi 83% inferior à média de precipitação do mês de Janeiro dos últimos 80 anos, o que corresponde ao 7º pior primeiro mês do ano, no que diz respeito à precipitação, desde 1931. O mês de Fevereiro está a ir no mesmo caminho, com a precipitação a ser ainda inferior ao mês de Janeiro, levando alguns locais do pais a ter mesmo uma ausência completa de precipitação.
Como consequência destes baixos valores registados, no final do mês de Janeiro o país registava 76% do território em seca moderada, 11% em seca severa e 13% em seca fraca. No dia 15 de Fevereiro estes valores já estavam agravados, estando 70% do território em seca severa, 5% em seca extrema e 25% em seca moderada. Apesar destes dados serem graves, este não é um fenómeno muito raro no país. Em 1943 a região do Porto esteve 12 meses em seca severa e extrema e a região de Beja esteve 17 meses. Num período mais próximo, o mês de Janeiro de 2005 teve 22% do território em seca extrema.
A falta de chuva para além de preocupar o mercado agrícola nacional, preocupa também a população em geral devido ao abastecimento de água. Algumas barragens nacionais já começam a registar valores baixos de armazenamento de água, como por exemplo a barragem de Alto Lindoso com 37% de volume armazenado ou a Barragem do Cabril com 43%, mas a Barragem de Castelo do Bode ainda tem as suas reservas controladas, com um volume armazenado de 76%. Apesar do valor de água armazenado ser baixo para este período, no ano de 2005, neste mesmo dia do ano, o volume de água armazenado em Castelo do Bode estava nos 72% e durante esse ano de seca em Portugal o volume de água armazenado em Castelo do Bode nunca baixou dos 59%.
O abastecimento de água da Albufeira de Castelo do Bode começa a ser afectado quando o volume armazenado de água chega aos 54%, mas só fica suprimido abaixo dos 27%. Observando os valores é possível verificar que não existe qualquer risco de falta de abastecimento de água proveniente de Castelo do Bode no curto e médio prazo e que mesmo no longo prazo o risco é reduzido. Para se ter uma ideia, se a barragem de Castelo do Bode deixa-se de produzir energia e se o caudal afluente à albufeira fosse nulo, desprezando as perdas indirectas da albufeira a água armazenada daria para mais de 2 anos de abastecimento de água às populações afectas.
Portugal Continental está em seca, mas a albufeira de Castelo do Bode ainda tem muitas reservas para suprir as necessidades de água.