sexta-feira, 30 de abril de 2010

Castelo do Bode vs Malpasset

A construção da barragem de Malpasset no sul de França, mais especificamente no rio Reyran, foi iniciada em 1952 e terminada em 1954. A principal diferença entre a barragem de Castelo do Bode e a barragem de Malpasset é que esta ultima já não existe enquanto que Castelo do Bode continua a marcar a paisagem no vale do Zêzere.
A barragem de Malpasset ruiu na noite do dia 2 de Dezembro de 1959, após 5 anos de enchimento da albufeira. Quando a albufeira estava a chegar à sua cota máxima de água, forte chuvas fizeram subir o nível de água na albufeira muito rapidamente obrigando a barragem a abrir a sua descarga de fundo. Apesar dos 40m3/s descarregados, passadas algumas horas da abertura a barragem colapsou.

A barragem de Malpasset era uma barragem em abóboda com dupla curvatura, muito semelhante à barragem da Bouçã situada a montante da barragem de Castelo do Bode.
A barragem apresentava 60 metros de altura, cerca de metade da altura da barragem de Castelo do Bode. O seu coroamento apresentava menos 179 metros de comprimento que os 402 metros de Castelo do Bode e devido à diferença no tipo de barragem, Malpasset era bastante menos espessa que a barragem de Castelo do Bode. Para se ter ideia da diferença, a barragem de Castelo do Bode apresenta uma espessura no topo que é cerca de duas vezes a espessura da barragem de Malpasset na base e a espessura no topo nesta ultima era de apenas 1,5 metros. Na época a Barragem de Malpasset foi a grande barragem com menor espessura construída em toda a Europa.


A barragem de Malpasset apresentava um descarregador de cheias sobre a soleira, numa extensão de 30 metros, semelhante ao apresentado na barragem da Bouçã, mas bastante diferente do descarregador em orifício da barragem de Castelo do Bode.
A albufeira de Malpasset, que apenas servia para abastecimento de água, tinha uma capacidade cerca de 22 vezes inferior à albufeira de Castelo do Bode, o que era esperado devido à sua menor altura.

Apesar de ambas as barragens terem o mesmo projectista principal, a barragem de Castelo do Bode nunca teve problemas estruturais relevantes, enquanto que a barragem de Malpasset ruiu ao primeiro enchimento. Em baixo é possível ver uma imagem do antes e depois do desastre.


A ruptura da barragem provocou uma onda de cheia que apresentava 40 metros de altura logo após a barragem, diminuindo esta com a distância à barragem, apresentando uma altura de 3 metros na cidade de Fréjus, cerca de 10km a jusante. Esta onda provocou a morte a 423 pessoas, para além dos elevados prejuízos materiais como a queda de uma ponte de uma auto-estrada em construção, e a completa destruição de duas localidades próximas da barragem.


A rotura da barragem foi provocada pela instabilidade das fundações. Apesar do solo onde a barragem estava implantada ter capacidade para absorver todas as forças que a barragem transmitia, a falta de mais e melhores estudos geotécnicos impossibilitou a verificação da heterogeneidade do solo numa das margens do rio. Com o aumento das forças aplicadas sobre os encontros nas margens, devido à subida do nível da água, começou a formar-se uma fenda com uma espessura entre os 2,5 cm e os 5 cm, que levou a uma rotação e um levantamento da barragem, culminando com a sua rotura.



Fontes:
  • http://en.wikipedia.org/wiki/Malpasset_Dam
  • http://www.beyond.fr/sites/malpasset.html
  • http://matdl.org/failurecases/Dam%20Cases/malpasset_dam_failure.htm
  • http://www.ecolo.org/documents/documents_in_french/malpasset/malpasset.htm
  • http://en.structurae.de/structures/data/index.cfm?id=s0000335

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Subsistema de Castelo do Bode

O subsistema de Castelo do Bode é a parte inicial de uma longa rede de transporte de água desde a albufeira até às populações. Este é constituído pela albufeira de Castelo do Bode, pela torre de captação na albufeira, pelo túnel que irá ligar à estação elevatória e pelas condutas que ligam a estação elevatória à ETA da Asseiceira. Este subsistema termina na Estação Elevatória de Vila Franca de Xira.
A captação de água na albufeira já está planeada desde a década de 30 do século passado, sendo considerada na época uma origem essencial para um futuro reforço no abastecimento de água a Lisboa. Assim durante as obras da barragem, em 1949, foi construída a base da Torre de Tomada de Água, tornando-se mais fácil a construção total da torre depois do enchimento da albufeira. Como é possível ver na imagem abaixo, nos primeiros anos da exploração da barragem de Castelo do Bode não existia a Torre de Tomada de Água.


Só em 1987 entrou em funcionamento o subsistema de Castelo do Bode, abastecendo de água a cidade de Lisboa e mais tarde, em 1993 começou também a abastecer a zona envolvente à Estação de Tratamento da Asseiceira.

Imagem fornecida pela EPAL

Na imagem acima é possível ver a construção da base da torre de tomada de água, durante a construção da barragem.

Imagem fornecida pela EPAL

Na fotografia acima é possível ver a segunda fase de construção da Torre de Tomada de Água.

A Torre de Tomada de Água possui uma plataforma no seu topo, à cota 124 m. Existem 6 aberturas para a entrada de água em 3 níveis diferentes. Cada nível possui duas aberturas e os níveis encontram-se nas cotas 88,5 m, 95,4 m e 104,5 m.
A ligação entre a torre e o túnel que leva a água para a estação elevatória é feita à cota 50 m. A Torre de Tomada de água possui um diâmetro interior, na base, de 2,2 m e no topo de 7 m, estando dimensionada para um caudal de 11,5 m3/s.


O túnel de Castelo do Bode, que faz a ligação entre a Torre de Tomada de Água e a Estação Elevatória, tem um comprimento de 1080m, passando na margem Norte do rio Zêzere, afastado da barragem. O túnel tem o seu início na cota 50 m e termina à cota 41,59 m. Este é feito de betão armado com excepção dos últimos metros que são em aço.

Imagem retirada de http://www.sofomil.pt

A estação elevatória de Castelo do Bode está dividida em duas estações, sendo a primeira a estação principal constituída por 5 grupos de velocidade variável e 3 grupos de velocidade constante, com estes últimos a terem uma altura manométrica de 63,5 m e capacidade para 1,45m3/s cada. A segunda estação possui apenas dois grupos de velocidade variável.
As estações elevatórias têm como função levar a água até à Estação de Tratamento da Asseiceira.


As duas condutas que levam a água até à ETA da Asseiceira possuem um diâmetro interior de 1,8 m. Nos seus primeiros metros as condutas são de aço com 1cm de espessura passando depois a condutas de betão armado pré-esforçado. As condutas têm uma extensão aproximada de 8700 metros.
No ponto mais alto das condutas encontram-se duas grandes chaminés de equilíbrio que controlam as pressões no interior das condutas no caso de oscilações do volume de água transportado. Estas chaminés possuem um diâmetro interior de 11,75 m e uma altura de 27 m, sendo possível ver ambas na imagem anterior.
Ao longo do traçado existem 30 ventosas, 16 válvulas de descarga de fundo e uma válvula de seccionamento. Foi necessário realizar duas travessias aéreas no traçado, sobre a Ribeira do Zairinho e sobre o Rio Nabão.

No fim do troço encontra-se a Estação de Tratamento de Água da Asseiceira com a função de assegurar o tratamento de lamas e reciclagem de todo o efluente liquido. Esta estação é constituída por duas linhas independentes com capacidade para 5,75 m3/s e 2,875m3/s.
No fim de todo o processo de tratamento, a água tratada segue por 3 condutas gravíticas em que duas constituem o adutor de Vila Franca de Xira e a terceira abastece os municípios do Médio Tejo.

Imagem retirada de http://sandrafernandes.pbworks.com

Informação fornecida pela EPAL

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Qualidade da Água na Albufeira

Todos os anos milhares de pessoas deslocam-se, durante a época balnear, até à albufeira de Castelo do Bode. Este é um lugar onde se pode fazer pratica balnear condicionada aos locais destinados.
A maioria das pessoas que frequenta esta zona não tem conhecimento da qualidade da água que utilizam e dos perigos que podem correr estando a tomar banho em águas com má qualidade.

Os usos que se fazem das margens da albufeira têm uma grande influência na qualidade da água da mesma. Os terrenos agrícolas nas margens da albufeira poderão levar a que os fertilizantes usados nas terras atinjam a água da albufeira provocando a floração das águas e diminuição da sua transparência.
Outras fontes pontuais de poluição que existem na albufeira são as descargas directas e as fossas sépticas colectivas de alguns aglomerados urbanos. Estas fontes têm um grande impacto na poluição das águas e por isso todos estes emissores estão identificados, como se pode ver na imagem seguinte, onde se mostra as ETAR, as descargas directas e as fossas sépticas colectivas existentes na albufeira de Castelo do Bode.

Fonte: http://snirh.pt

Ao nível da qualidade da água na albufeira os valores dos parâmetros a considerar nesta avaliação têm registado alterações significativas em alguns anos. No ano de 2006, um dos piores anos em termos de qualidade da água na albufeira, os valores de coliformes totais não estavam dentro do intervalo admissível para a prática balnear. Esta contaminação anormal ocorreu por uma origem natural desconhecida e era mais intensa na zona da albufeira próxima da barragem.
Os casos mais graves de contaminação das águas estão localizados perto da barragem, na zona da Aldeia do Mato e na torre de captação de água da EPAL. Nesta zona a qualidade da água tem vindo a deteriorar-se colocando mais dificuldades ao processo de transformação da água da albufeira em água potável, por parte da EPAL.

Entre os anos de 1995 e 2008, a água da albufeira obteve uma classificação, quanto à qualidade para prática balnear, de "Boa" em oito vezes, "Razoável" em quatro vezes, "Má" uma vez e "Muito má" também uma vez. No panorama nacional, no ano de 2008, 35,5% das zonas analisadas obtiveram uma classificação de "Bom", 28% uma classificação de "Razoável" e 11,8% uma classificação de "Muito má". De realçar que não existiu nenhum "Excelente" no ano de 2008.
Em seguida mostra-se um gráfico com essas mesmas classificações para a albufeira de Castelo do Bode.

Fonte: http://snirh.pt

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Fotos Anteriores à Barragem

Estas são algumas fotografias do rio Zêzere, anterior à construção da barragem de Castelo do Bode, que foram usadas em calendários de 2008 da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere.


Uma fotografia que já aqui tinha sido mostrada da antiga Vila de Dornes



Fotografia de uma roda na localidade de Rio Fundeiro que actualmente se encontra submersa.